Gosto do tema da sede. Sede de água, mas também sede de plenitude, sede de verdade, sede de amizade verdadeira. Há sedes que podem ser saciadas com um copo de água. Outras são resolvidas com “satisfaçõezinhas” alcançadas. Há, no entanto, uma sede que se sacia rapidamente e que, satisfeita em parte, ressurge mais adiante. Que bom que seja assim. Somos seres sedentos. Uma sede que não nos deixa definitivamente satisfeitos. Há pessoas muito contentes com o trem de vida que adotaram: carro, casamento, meia dúzia de amigos para tomar um chopinho aos sábados até chegar o domingo, dar uma cesta mensal de mantimentos para os carentes.
Seria bom sentir sede pela Plenitude uma sede parecida com aquela de alguém que busca uma fonte no deserto, quem sabe a fonte aberto no Coração de Jesus. Lembrei-me daquela famosa passagem do Petit Prince de Éxupéry:
– Bom dia, disse o Pequeno Príncipe.
– Bom dia, disse o comerciante.
Era um comerciante de pílulas para matar a sede. Toma-se uma por semana e não se sente mais necessidade de beber.
– Por que vendes isso? Perguntou o Pequeno Príncipe.
– É uma grande economia de tempo, respondeu o comerciante. Os peritos fizeram os cálculos. Poupam-se cinquenta e três minutos por semana…
– E o que se faz nesses cinquenta e três minutos?
– Faz-se o que se quiser…
– Eu, disse o Pequeno Príncipe de si para si, se tivesse cinquenta e três minutos, ia a pé, devagarinho, na direção de uma fonte.
Que beleza…É claro, é melhor caminhar na direção de uma fonte em vez de ficar tomando pílula para não ter sede… Viva o Pequeno Príncipe e sua sabedoria!
Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM
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