Santo Antônio visto por
Sergio Ricciuto
O encontro de Santo Antônio e o Menino Jesus, foi pensado como uma espécie de um momento não tanto místico mas de jovialidade, onde Santo Antônio se encontra com o Menino Jesus quase como uma brincadeira, não tanto como o mistério, Deus, filho Cristo mas como a pureza, igenuidade.
Ele então vai com esta jarra, pegando essa pureza como se fosse a fonte. Pureza essa que mais tarde é representada pelo lírio.
Então não é só o lírio, mas também o girassol que assim como se vira para o sol, Santo Antônio se vira para o menino Jesus.
Por trás há uma cidade que remete a comunidade, favela. O menino Jesus não é só uma questão anagráfica, questão da infância. Remete também a questão da pequenês. Quem é o pequeno? Pode ser o pobre. Então a essência do menino Jesus pode ser vista nos pobres. Não é só a questão da pureza, igenuidade.
Essa questão da devoção, não é só meiguisse ou “mágica”. A devoção é sempre um caminho para atos que tem a ver com conhecimentos éticos e de justiça.
Por Sergio Ricciuto
Santo Antônio e o Menino Jesus
A composição remete a um evento em que frei Antônio foi enviado por frei Francisco, reconhecendo-o como um peregrino habilitado a Sagrada escritura, para pregar em Rimini.
Com a missão de pregar, frei Antônio pariu de Assis para Rimini tentando todo o tempo pregar em seu caminho. Acontece que ninguém parava para ouvi-lo.
Ao chegar na cidade litorânea de Rimini, sua vontade de pregar é maior do que sua frustração. Então frei Antônio se dirige para o mar e começa a pregar para os peixes.
A figura tem um caráter monumental, performático,ilustrando Santo Antônio como um artista em cima de um palco. O gesto dele remete aos artistas de hoje ao mesmo tempo que ecoa no movimento dos peixes que vem para cima como se fossem pescados. Os peixes ali não são pescados pela morte mas pela vida, pulando para escutar em um movimento explosivo.
A peça tem outros detalhes como os barcos ao fundo e a ausência de outros ouvintes, tornando-o solitário. É a palavra na natureza, além da humanidade.
Santo Antônio e o Milagre dos Peixes
A composição tem como protagonista o momento em que a mula se ajoelha perante a eucaristia. A personagem principal é o efeito de estraodinariedade da coisa.
É um milagre em que Santo Antônio não é tanto o protagonista, ele praticamente executa a coisa, pois um herege o desafia a ir a praça e fazer a mula se ajoelhar perante a eucaristia.
O elemento de Santo Antônio é paramentado ao centro da imagem, apresentando a eucaristia. A mula ocupa a outra metade da imagem, se ajoelhando perante a eucaristia.
O homem apontando para a mula, traz uma duplicação do efeito, tornando a imagem mais impactante. Ele pode ser um homem do povo ou o próprio herege que havia feito o desafio.
O frei com a vela é interessante pois o feito não foi teatral mas litúrgico. Não havia ali a intenção de produzir um espetáculo.
Ao lado esquerdo, uma personagem que traz em suas mãos um balaio que complementa o enredo onde a mula escolhe se ajoelhar perante a eucaristia, em detrimento da comida trazida no balaio.
A peça utiliza um estilo leve com cores vivas de aspecto natural, inspirado na natureza para evocar o local onde aconteceu o milagre, a cidade costeira de Rimini.
Um outro aspecto é a luz ao redor da eucaristia que é uma luz teológica. As “bolinhas” brancas trazem a fluidez do ar, como se fosse o movimento do vento.
Santo Antônio e o Milagre da Mula
Os elementos deste cena são poucos mas bastante claros, tendo a figura do Santo e a figura do casal.
O casal cria o movimento da cena enquanto Santo Antônio fica ao fundo. Evoca o fato da história de amor que se abre a partir de Santo Antônio. Claro que ele não é agência matrimonial, mas o casal está junto para abrir essa onda, onde Antônio é o modelo de como se cria a dinâmica do afeto para sempre, entre o casal e também entre o mundo.
Um modelo de amor que se constrói também através da caridade com todos. Por isso há essa abertura, esse movimento de luz para fora.
Santo Antônio Casamenteiro
O Santo Antônio está entregando os pães para um grupo de marginados. É possível ver um ponto compositivo interessante onde essas pessoas representadas como pobres, pois estão recebendo, em verdade eles estão pobres de comida mas também depressivos. É uma questão além da alimentar.
Aqui Santo Antônio faz mais do que um ato de entrega, ele faz questão de doar o pão pessoalmente, se abaixando e entrando nas trevas da tristeza deles. Assim ele leva o pão e a luz. É um pão doado, não apenas dado.
O pão para os pobres não uma questão de esmola, é uma questão de partilha do pão.
Então há essa luz que emana por trás dele e dele que entrega o pão.
Pão de Santo Antônio
É bastante explícito onde Santo Antônio que vem da esquerda para encontrar um grupo de freis.
Na parte superior há o São Francisco. Os dois santos são caracterizados pela auréola.
No centro há um portal, Foi tirada a conotação anagráfica do capítulo.
O capítulo é uma reunião onde um grupo de religiosos se reúnem para tomar decisões.
Foi um capítulo importante para a história pois fundamentalmente os freis existiam, a regra existia mas não existia congregação.
O capítulo foi onde começou de fato a família franciscana. Apesar de ocorrer nas esteiras, não foi feita essa representação pois quem não conhece a história a fundo, teria dificuldade de entender a força da energia.
Então foi feito um portal, como se isso fosse o começo de um edifícil, uma casa, um convento ou um local. Mas também como o início de um caminho. O portal junta as as pedras que simbolizam isso.
O resto da cena é o conjunto de homens de diferentes idades que dão início a família franciscana.
Santo Antônio está ali, diantes deles conversando, se comunicando com os homens.
O Capítulo das Esteiras
Essa imagem busca a história de Antônio mais como homem e um pouco menos como Santo.
Isso do Santo Antônio estar em cima da árvore é devido a uma doença que ele tinha que não lhe permitia se mover tanto.
A árvore é uma maneira de muitos o escutarem, fazendo com que mais pessoas possam se juntar ali.
Essa questão histórica foi transformada nesta iconografia onde a árvore é um elemento da parábola e o Santo Antônio é o fruto.
Apesar de estar em cima da árvore, ele não se coloca acima das pessoas, por isso esse gesto como se estivesse querendo se aproximar das pessoas através das escadas.
O ambiente crepuscular em contraste com a luz de Santo Antônio busca levar afeto ao povo para que não tenham medo da escuridão. A palavra dele era essa lâmpada.