Sermões

“Os Sermões” é a grande obra literária e teológica de Santo Antônio de Pádua. Podemos defini-la como um extenso tratado dos ensinamentos das Sagradas Escrituras, em forma de sermões ou homílias, com os quais o Santo se propõe a expor toda a Escritura em seu exame das leituras propostas pela liturgia dominical e da liturgia das festas.
Santo Antônio escreveu os sermões com o propósito específico de proporcionar aos seus confrades um instrumento de formação para a vida cristã, desde que não perdesse o espírito da Regra Franciscana. Essa foi uma orientação do próprio São Francisco de Assis que num pequeno bilhete, escreveu ao santo: “Frei Francisco a Frei Antônio, meu Bispo, saudação. Apraz-me que leias a sagrada teologia aos Irmãos, contanto que, nesse estudo, não extingas o espírito da oração e da devoção, como está contido na Regra” (CA).
Os temas abordados são, em geral, os da fé e da moral cristã. O Santo oferece aos pregadores instrumentos de pregação: como ensinar aos fiéis a doutrina do Evangelho, como valorizar os sacramentos, especialmente a penitência e a Eucaristia, como associar o ensinamento cristão com a ciência natural e como motivar nos ouvintes a vivência evangélica. O sermão de Santo Antônio é muito erudito, repleto de citações das escrituras (são mais de seis mil), que muitas vezes, se vale da doutrina dos Padres, teólogos, filósofos e poetas pagãos; além disso, especialistas em ciências naturais são frequentemente citados, em particular Aristóteles e Solino. Sobre a linguagem dos sermões, encontramos o latim medieval, ou seja, um latim menos sofisticado, mas não bruto; na verdade, ele apresenta eloquência e elegância na escrita.
Provavelmente, Santo Antônio escreveu os três volumes dos Sermões, nos últimos anos de vida, em Pádua. Trata-se de 53 sermões dominicais, 4 sermões para as festas de Nossa Senhora e 20 sermões festivos, totalizando 77 sermões. Por causa da riqueza bíblica, teológica e pastoral dos escritos, no dia 16 de janeiro 1946, o Santo foi declarado “Doutor Evangélico” da Igreja, pelo papa Pio XII.