Uma boa refeição para uma boa comunicação

Escrito por omensageiro_master

“Escutem, escutem-me, e comam o que é bom,
e a alma de vocês se deliciará com a mais fina refeição” (Is 55,2)

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Como fazer para manter um bom relacionamento em família e na comunidade? Não existe um segredo, uma tecla para apertar e ver sair o resultado. Tudo deve ser construído passo a passo, momento a momento considerando que o ser humano é complexo e frequentemente é mais movido pelo egoísmo do que pelo amor. É o próprio Cristo, Deus que assume a condição humana, que nos dá, com sua vida, o exemplo de como viver e conviver com as pessoas e assim construir novos relacionamentos e nos fazendo sentir uma família.
Um dos pontos preciosos para uma saudável convivência são as refeições. Pode parecer estranho que comece com as refeições. Mas, se olharmos bem, o principal ato comum que Jesus deixou aos seus seguidores foi precisamente uma refeição. O centro de atenção, contudo, não são somente os alimentos, mas as refeições em comum como um dos principais sinais de união.
As refeições são momentos fundamentais para uma boa convivência. Neles, expressamos valores e capacidades de amar ou não, de conviver e servir. Em todas as tradições culturais, esses momentos foram sempre ocasiões especiais para partilhar e celebrar os momentos mais significativos da vida.
A alimentação e a comensalidade são elementos fundamentais para a humanidade.

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Comer compartilhando da mesma comida e da mesma mesa, em companhia de outras pessoas, é um dos momentos mais expressivos das relações humanas. Enquanto o alimento é força para o corpo, a comensalidade nutre o espírito e alimenta a necessidade que todos temos de estar juntos, expressando a alegria de conviver. Jesus fez da refeição em comum um dos momentos mais expressivos de sua missão. Ele usou da comensalidade para anunciar o Reino, o qual tem seu objetivo último expresso em uma grande refeição, o banquete da vida (cf. Mt 22,1-10; Lc 14,15-24).

Segundo os evangelhos, Jesus aparece relacionado com a refeição em comum 137 vezes (28 em Mateus; 22 em Marcos; 56 em Lucas; 31 em João). A comensalidade faz emergir a revelação de quem é Deus e qual é Seu projeto para os seres humanos. Em momento de refeição, Jesus nos revelou quem é Deus e como é Deus. Em suas refeições, nos dá a conhecer as dimensões mais profundas da humanidade de Deus.
Jesus Cristo compartilhou sua comida preferencialmente com os mais pobres (cf. Mt 14,13-21.15,32-38; Mc 6,30-44.8,1-10; Lc 9,10-17; Jo 6,1-14). A vida cristã consiste em amar o outro em sua pobreza física, material, mental, emocional, moral, espiritual e se revestir da pobreza como abertura, disponibilidade, capacidade de partilhar, repartir, desapegar. A mesa torna-se o lugar onde Deus se apresenta e revela Sua Face. Compartilhar o pão com quem tem fome é expressão concreta de amor ao próximo. Onde falta a comensalidade, que acentua o aspecto social, falta igualmente a força eucarística, que revela a dimensão plena da fé.
Toda refeição é símbolo da comensalidade proposta por Jesus. Estar à mesa com familiares e amigos é um convite a uma vida de amor sincero, de convivência, de construção de relacionamentos inspirados na alegria de conviver e construir a unidade da família humana.
A Eucaristia é uma refeição onde vivemos a mais plena experiência de comunhão em um diálogo com o materno Pai em seu Filho no Espírito Santo. Quanto mais soubermos valorizar e viver a refeição em família, mais entenderemos algo do mistério maior eucarístico. No entanto, a perda do seu sentido da refeição também se reflete na perda do sentido da Eucaristia.

 

 

Pe. José Alem

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