Santo Antônio: o dinheiro à serviço da vida

jun 2, 2023Assinante, Junho 2023, Revistas0 Comentários

Este mês a coluna Finanças para a Vida irá contar com uma boa companhia, isso mesmo, um companheiro excelente em nos orientar e provocar para uma conversão econômica, estamos falando de nosso querido e amado Santo Antônio (de Pádua e de Lisboa). Traremos uma reflexão inspirada em nossa série de podcast´s: Os Santos e o Dinheiro, onde verificamos como os homens e mulheres de fé lidavam com as finanças a serviço da vida.

Fernando Martins de Bulhões, assim era o nome de batismo de um dos santos mais populares do mundo, ele nasceu por volta de 1191 /1992, seu pai era Martinho Afonso de Bulhões e sua mãe Maria Tereza de Taveiro, ambos de família nobre. Fernando estudou na Catedral de Lisboa, Igreja de Santa Maria Maior. Aos quinze anos de idade foi ser um monge agostiniano, era demonstrou-se muito dedicado aos estudos. Certo momento de sua trajetória vocacional ele começou a se questionar e pediu transferência do Mosteiro São Vicente de Fora para o Mosteiro Santa Cruz (Coimbra), onde estudou também as Ciências Naturais. Resumo do Resumo, como nossa intenção aqui não são aspectos biográficos, o monge Fernando ao ter contato com 5 freis franciscanos que passaram por onde ele morava, pois estavam indo rumo a uma missão no Marrocos, sentiu-se contagiado pela alegria simples, estilo de vida sóbrio, despojado, fraterno daqueles homens que buscavam viver o Evangelho. Quando soube do martírio deles na missão, questionou-se profundamente até que foi ao Conventinho de Santo Antão dos Olivais e pediu para entrar na Ordem Franciscana.

Mas, como o santo conhecido como casamenteiro, que acha coisas perdidas e partilha o pão com os pobres, pode nos ensinar algo sobre como melhorar nossa relação com as finanças?

Naquela época (costume que durou por muito tempo, chegando ao Brasil até quase no século XX e resistindo em alguns países até hoje), a família e/ou as mulheres tinham que “pagar” um dote (dinheiro, presente, bens) à família do noivo para que o casamento ocorresse. Contudo, nas realidades sociais que Frei Antônio acompanhava as mulheres não tinham recursos financeiros, então ele organizava “vaquinhas” coletas para ajudar essas mulheres a fazerem seu enxoval, há uma história que certa feita uma moça que queria muito casar achou um ‘bilhete milagroso’ que quando colocados na balança de um comerciante pesou 400 moedas, então essa noiva conseguiu o dinheiro necessário para realizar seu casamento. Neste ponto vemos a solidariedade de Santo Antônio, como ele era sensível ao sofrimento do povo. Neste sentido, estando inserido na realidade que vivia e sempre atento às necessidades das pessoas mais vulneráveis, o Santo conseguiu também mudar uma lei na cidade de Pádua (15 de Março 1231) e conceder perdão a dívidas de muitas pessoas que estavam presas.  Este episódio é muito interessante e digno de nota, estamos falando quando Santo Antônio enfrentou o tirano Ezzelino da România. O Santo disse que só iria enfrentar este homem mal por causa dos pobres. Mas, por que tantas pessoas presas? Naquela época àqueles que tinham o poder econômico emprestavam a juros altíssimos dinheiro aos pobres, eram os usurários, como que agiotas. Não tendo como pagar muitos homens eram presos e até mortos por motivos financeiros. Este era um grave problema social, pois muitas mulheres/mães ficavam desamparadas e ‘condenadas’ a viverem só, por vezes tinham que recorrer a prostituição para adquirir recursos básicos para sobrevivência de sua família. Ai que entra a sensibilidade franciscana que já em Assis e em outras regiões da Itália criaram uma experiência de micro-crédito com juros baixíssimos, os Monte de Piedade, sendo um alento para que os pobres conseguissem plantar, colher e vender o fruto do suor de seu trabalho.

Por fim, neste grande Santo vemos a rejeição de utilizar o dinheiro como uma ferramenta de exclusão, domínio e poder sobre as mulheres, pobres, as famílias, isto é, tudo que diz respeito a Cultura da Morte, das Desigualdades Sociais, do Descarte. Santo Antônio diz com a própria vida algo que escreveu em seus Sermões: “Que cessem as palavras e que falem as obras”. Parte do legado dele é também este Serviço Franciscano de Evangelização, a Revista O MENSAGEIRO DE SANTO ANTÔNIO, que tem a missão de conduzir cada um de vocês leitores queridos ao Desenvolvimento Humano Integral, colaborando com a construção do Reino de Deus. Esse legado nos provoca a uma conversão pessoal e comunitária, para que nosso relacionamento com as finanças estejam à serviço da Vida, do Bem-Viver, a vida digna e abundante que nos promete o próprio Jesus Cristo, não nos esquecendo que ‘tudo está interligado’ e que ‘ninguém se salva sozinho’. Lembrem-se sempre: EDUCAÇÃO FINANCEIRA É EDUCAÇÃO PARA A VIDA!

Autores

  • Ana Carolina Fernandes Alves

    Mestre em Economia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE), campus de Toledo-PR. Participa como membro externo do projeto de extensão universitária intitulado Primeiros Passos em Economia e Cidadania: uma contribuição para a Educação Financeira na região Oeste do Paraná que elabora conteúdos e cursos voltados à temática de Educação Financeira. Atualmente é CEO e Podcaster do Educação Financeira para a Vida (EFV), projeto integrante da rede global "A Economia de Francisco" (The Economy of Francesco), atua como Educadora Financeira e professora de Finanças do Programa Paraná Empreende Mais. Tem experiência na área da Economia, desenvolvendo pesquisas com ênfase em Educação Financeira, Finanças Comportamentais, Bem-estar Financeiro e Juventudes.

  • Augusto Luis Pinheiro Martins

    CEO e Podcaster do Educação Financeira para a Vida (EFV) projeto integrante da rede global "A Economia de Francisco" (The Economy of Francesco). Fez Licenciatura em Filosofia (FAE), Bacharelado em Teologia (PUC-SP), Especialização em Franciscanismo pela UCOB (Brasília), faz parte do grupo de pesquisa Pessoa Humana Antropologia, Ética e Sexualidade (PHAES) da PUC-SP reconhecido pelo CNPq. Pós-Graduado em Análise Comportamental e Clínica (Stricto Sensu) pela PUC-PR.

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