Santo Antônio e a Assunção de Nossa Senhora

jun 30, 2023Assinante, Caminhando Hoje com Sto. Antônio, Julho-Agosto 2023, Revistas0 Comentários

Em 15 de agosto, celebramos a solenidade da Assunção de Nossa Senhora ao céu, de corpo e alma. Pois bem: em Jesus Ressuscitado que ascendeu ao céu (por isso, diz-se ascensão, diferentemente de Maria, de quem se diz assunção) e em Maria assunta ao céu, nossa humanidade já está presente no céu, no mundo novo, no paraíso! Jesus, cabeça, e nós, Igreja, seus membros, estamos na esperança elevados ao Reino de Deus! Essa verdade é tão grandiosa, sublime e real que somos levados a viver nesta terra com saudade do céu, sem deixar de nos compromissar para que esse “céu” tenha início aqui na terra, pelo nosso esforço e pela graça de Deus!

Nós, católicos, celebramos a verdade sobre Maria assunta ao céu desde os primórdios do cristianismo, tanto no Oriente quanto no Ocidente. Ressalta-se que o dia 15 de agosto, na Europa em geral, é muito festejado, também em vista de que assinala, aproximadamente, o final das férias de verão, para que tenha início o período de um novo ano escolar no mês de setembro. Aqui no Brasil, como o dia 15 de agosto não é feriado, a Assunção de Nossa Senhora é celebrada no domingo seguinte.

São Maximiliano Maria Kolbe (1894–1941), (segundo testemunho do soldado Bruno Borgoviec, sentinela do “bunker da morte” para onde foram condenados a morrer de fome e sede mais nove companheiros seus de prisão no campo de concentração de Auschwitz, na Polônia) viu dois militares se aproximarem e logo pressentiu que iriam matá-lo com uma injeção de ácido fênico, como se costumava fazer naqueles lugares. Com voz fraca e quase imperceptível, o religioso perguntou: “Que dia é hoje?” À resposta de que era 14 de agosto (de 1941), seus olhos assumiram um novo brilho, seus lábios se abriram em um suave sorriso e ele conseguiu exclamar: “Amanhã, 15 de agosto, é Nossa Senhora assunta ao céu!” E morreu, por assim dizer, ‘tranquilo’ nas mãos de Maria!

O dogma (verdade a ser crida) só foi proclamado em 1950, pelo papa Pio XII (1876-1958). A realidade, porém, de Maria Assunta ao Céu foi sendo assumida desde os primeiros tempos do cristianismo, pelos Santos Padres. Eles se inspiraram nas Sagradas Escrituras, quando falam de Jesus, filho de Maria! Entre os cristãos orientais, dizia-se “dormitio Mariae” (‘a Dormição de Maria’).

Santo Antônio de Lisboa e Pádua (1195-1231) percorreu esse mesmo caminho. Aliás, ele sempre teve uma devoção muito grande e profunda por Maria, mãe de Deus e, por isso, privilegiada por Ele com a não corrupção do corpo. Ela foi assunta plenamente aos céus, também porque assumiu plenamente a vontade de Deus, na história da salvação, levando até o fim terreno sua vocação: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo! Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto de teu ventre!” (Lc 1,28.42). “Eis aqui a serva do Senhor! Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38).
O santo lisboeta escreveu seis Sermões sobre Nossa Senhora. Quatro estão publicados no volume II:

1. Nascimento de Maria (p. 103-108).
2. Anunciação de Maria (p. 109-126).
3. Purificação de Maria (p. 127-140).
4. Assunção de Maria (p. 141-150).
No volume III, estão mais dois Sermões de Santo Antônio sobre Nossa Senhora, a saber:
5. Purificação de Maria (p. 99-117).
6. Anunciação de Maria (p. 151-168).

Desse modo, podemos dizer que há seis Sermões de Santo Antônio, como aparecem na edição crítica em latim elaborada por uma equipe de frades menores conventuais, em 1979, e publicada pela Editora Messaggero di Sant’Antonio, localizada em Pádua, na Itália. Na tradução italiana realizada por frei Jordano Tollardo, ofmconv, publicada em 2005 pela mesma editora, foram adicionados todos os seis Sermões (4. ed., p. 1073-1143).

Nos boxes, estão alguns trechos do Sermão de Santo Antônio sobre a Assunção de Nossa Senhora, traduzidos diretamente do latim.

Oração recitada por Santo Antônio (como de costume)
no final do Sermão à Virgem Maria, por sua Assunção

“Nós vos pedimos,
ó Senhora nossa,
ínclita Mãe de Deus,
exaltada acima dos coros
dos anjos,
que enchais o vaso
do nosso coração
com a graça celeste,
que façais brilhar nele
o ouro da sabedoria,
que o torneis firme com o poder da vossa virtude,
que o adorneis com a pedra preciosa das virtudes,
que derrameis sobre nós,
ó oliveira bendita,
o óleo da vossa misericórdia,
com o qual possamos cobrir a multidão dos nossos pecados,
e assim possamos ser elevados às alturas da glória celeste
e viver felizes
com os bem-aventurados.
Tudo isso nos conceda Jesus Cristo vosso Filho
que hoje vos exaltou
acima dos coros dos anjos,
vos coroou com a coroa real
e vos colocou sobre o trono do eterno esplendor.
A Ele toda honra e toda glória pelos séculos eternos!
E toda a Igreja responda:
Amém! Aleluia!”
(v. II, p. 150).

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Dignidade da Virgem Gloriosa

Jesus, firmamento da sublimidade dos anjos, é também a beleza deles. Com efeito, Jesus sacia com a beleza de sua humanidade aqueles que ele confirmou com o poder de sua divindade. E existe ainda o esplendor do céu, isto é, de todas as almas que habitam nos céus; esplendor que consiste na visão da glória, pois, enquanto contemplam face a face a glória do Pai, eles mesmos brilham com a glória. Eis, portanto, quão grande é a dignidade da Virgem Maria gloriosa que mereceu ser Mãe daquele que é o ‘firmamento’ e ‘a beleza dos anjos e o esplendor de todos os santos’” (p. 142).

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