Da esquerda para a direita, o pai, Délio, frei Wilmar Villalba Ortiz e a mãe, Cleonice, arquivo pessoal
Frei Wilmar Villalba Ortiz, arquivo pessoal
Frei Wilmar Villalba Ortiz, arquivo pessoal
Uma criança com sede de justiça
Da esquerda para a direita, frei Wilmar Villalba Ortiz, sua irmã Edilaine Villalba Ortiz, tia Neide e o primo Adelton, arquivo pessoal
Frei Wilmar Villalba Ortiz, arquivo pessoal
Frei Wilmar Villalba Ortiz (à esquerda, de boné azul), ajudando na colheita de milho no Seminário Santo Antônio, em Cascavel (PR), arquivo pessoal
A amada prole seria completada pelas irmãs, Edilaine e Wanessa, as companheiras de mudança de cidade em cidade, de vilarejo em vilarejo, para acompanhar o trabalho do pai, técnico em topografia a serviço de empresas construtoras de barragens.
O menino da família, aos três anos, começou a vida escolar. Seu Délio fazia questão de incentivar um ambiente leitor, envolvendo os filhos entre livros e gibis, apresentando-lhes um universo que ia da extinção dos dinossauros às histórias da Roma Antiga. Assim, não tardou para que logo o garoto aprendesse a ler e a contar histórias para as irmãs, incluindo a exigente tarefa de se comunicar adequadamente com Wanessa, que é surda. Wilmar era uma liderança nata, organizava as brincadeiras com primos, irmãs e colegas. Na escola, o filho de dona Cleonice exercitava seu espírito questionador, pleno de argumentos, desafiador e briguento. Quanta correção exigiu do pai e da mãe, que eram rigorosos no respeito aos professores! Apesar de tantas reprimendas, o espírito rebelde do menino não impediu que fizesse xixi no canto da quadra da escola quando a professora não permitiu que fosse ao banheiro. No quadro de registro de suspensões, escreveu abaixo do que motivou a sua: é a ditadura de não poder usar o banheiro. Outra vez, teve de visitar a sala do diretor e, desafiante, queria que ele lhe explicasse como fazia para controlar sua vontade de fazer xixi. Por outro lado, o educando rebelde e questionador não deixava de ser admirado pelos professores mais abertos e progressistas, que lhe incentivavam e canalizavam a rebeldia.
Frei Wilmar Villalba Ortiz e
frei Luiz Favaron em sua Primeira Eucaristia, arquivo pessoal
Adolescente, amava futebol e, ao escalar jogadores para seu time, privilegiava aqueles que ninguém queria por serem considerados ruins de bola. Aliás, característica que ele carregava na vida estudantil: ao redor de sua liderança, aglutinavam-se os mais pobres, os injustiçados, os que sofriam bullying, aqueles que eram habitualmente desprezados pelos demais colegas. Sinal vigoroso da defesa dos injustiçados que carregou por toda a vida. E foi por causa do futebol que ele aprofundou sua vocação para a vida religiosa.
E viva o futebol!
O pai tinha seus métodos para incentivar os filhos e usou o futebol para despertar-lhes o amor pelo Estado onde nasceram. Para a pequena Edilaine, entregou uma camisa do Athlético Paranaense e para Wilmar entregou uma camisa do Coritiba, fazendo que despertasse uma rixa futebolística que o menino levava muito a sério. Era com devoção exagerada que sempre carregou o apelido, a princípio pejorativo, que marcava a torcida do time paranaense: ele tinha orgulho de ser “Coxa Branca”. E foi no time de futebol da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, da cidade de Guaíra (PR), que vamos encontrar o jovem Wilmar aprofundando sua vocação à vida religiosa e sacerdotal. Vocação marcada pelo indelével testemunho e liderança de frei Luiz Favaron, seu pároco dos tempos de infância e juventude.
Se foi enquanto jogava bola que a voz de Deus ia seduzindo o coração do adolescente ao admirar o testemunho do frade franciscano, foi em uma verdadeira experiência mística que a vocação nasceu. Pequeno ainda, viu dona Cleonice quase se afogar em um açude. Desesperada, ela ainda teve forças para gritar ao filho para que não entrasse na água. Assunto delicado de se tratar, mas que, quando adulto, ele não titubeou em contar para Edilaine que viu Nossa Senhora Aparecida salvar a mãe do afogamento. Foi o modo que Deus despertou a vocação em seu coração, marcando-o por experiência tão viva com a Virgem Maria.
Ele ingressou no Seminário Santo Antônio da Ordem dos Frades Menores Conventuais, na cidade paranaense de Cascavel, em 15 de fevereiro de 1987, com a resistência dos pais e a desconfiança dos familiares e amigos de que aquele desejo de ir para o seminário era “fogo de palha” e que logo passaria. Cursou Filosofia, Teologia e realizou o grande sonho de ser jornalista, cursando a Universidade do Vale do Rio dos Sinos, no Rio Grande do Sul. Quando seu pai faleceu, quase os compromissos com a mãe e as irmãs o impediram de seguir na vida religiosa; por pouco, não perderam as terras da família para um grupo de poderosos que se aproveitaram da ausência do patriarca e pressionaram a família Villalba Ortiz. Mesmo em meio a tantas dificuldades, dona Cleonice bem sabia onde estava o coração do filho. Ele havia provado que a vocação religiosa era séria e plenificava de sentido sua vida. A mãe não titubeou em impulsioná-lo para que fosse viver sua vocação, dizendo-lhe que ela seguiria cuidando das exigências da vida familiar. Continuando pelas exigências do percurso vocacional, foi pela imposição das mãos episcopais de dom frei Fernando Mason, que Wilmar Villalba Ortiz foi ordenado sacerdote da Igreja Católica, em 19 de fevereiro de 2000.
Frei Wilmar Villalba Ortiz sendo ordenado presbítero por dom Frei Fernando Mason, arquivo MSA
Frei Wilmar Villalba Ortiz em sua ordenação sacerdotal com
sua mãe, Cleonice Maria Villalba Ortiz, arquivo MSA
Franciscanismo, jornalismo e justiça
O menino rabugento, rebelde, impaciente e contestador dos tempos de escola seguiu habitando o frade adulto que serviu em paróquias das cidades de Guaraniaçu e Curitiba (PR); de Santo André, Ubatuba e São Bernardo (SP). Mas não era um rebelde sem causa e sempre colocou seus dons e talentos na defesa da justiça para com os sofredores em todo trabalho que assumia. Por exemplo, por sua formação em Jornalismo, foi designado para assumir a direção da amada revista O Mensageiro de Santo Antônio em duas ocasiões (de janeiro de 2010 a dezembro de 2017; e de junho de 2022 a março de 2023). Deu uma guinada na linha editorial da publicação, transformando-a a ponto de receber dois importantes prêmios: Dom Helder Câmara de Imprensa em 2011, pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e o almejadíssimo entre os jornalistas – Prêmio Vladimir Herzog, de Anistia e Direitos Humanos3, em 2012.
Frei Wilmar Villalba Ortiz em celebração
Eucarística na Igreja Matriz Exaltação da Santa Cruz, em Ubatuba (SP), arquivo pessoal
Frei Wilmar Villalba Ortiz e dom Bernardo Bonowitz, OCSO, no lançamento do livro Buscando Verdadeiramente a Deus, arquivo MSA
Por onde passou, frei Wilmar deixou a marca profunda de um religioso inteligente, culto, versado em assuntos que envolviam política, economia, sociologia, religião… amante da boa gastronomia, rápido em colocar apelidos divertidos nas pessoas de sua convivência, exigente nos compromissos de seus paroquianos, filho exemplar do Concílio Vaticano II (1962-1965) e tão familiarizado com os sonhos do papa Francisco (1936-) por uma Igreja mais sinodal e misericordiosa dos empobrecidos e injustiçados. Humano e humanista até às últimas consequências, era apaixonado na defesa de seus ideais por uma sociedade mais justa e fraterna, defensor da cultura popular e do diálogo reverente para com as religiões de matriz africana. Atento e observador, quando assumia uma nova paróquia, respeitava o trabalho anterior e os paroquianos que se dedicavam à vida pastoral, ajudando-os a avançar para águas mais profundas, no amadurecimento da fé cristã comprometida com as causas da justiça social. Politizado e misericordioso, acolhia pessoas em situação de rua, dependentes químicos, mulheres vítimas de violência…
Frei Wilmar Villalba Ortiz em celebração eucarística na paróquia Maria Imaculada, em Santo André (SP), Letícia Somensari
Por fim, não podemos deixar de citar seu grande e inseparável amigo de quatro patas: Boogie, el gordito, como o apelidou. Por causa dele e para mantê-lo perto de si, arrumou boas brigas. Era seu cãofrade. Sintomático que, ao acolher o câncer que o recolheria para junto de Deus, viu também seu fiel companheiro ser acometido pela mesma enfermidade e precedê-lo na visita da Irmã Morte. Foi um tempo duro e exigente de tratamento que, confiante, dizia que era um processo no qual seguia firme e daria certo. E, pela esperança cristã, deu mais do que certo. A Irmã Morte recolheu frei Wilmar ao jardim de Deus no dia 2 de março de 2023 e o entregou diante d’Aquele que, olhando-o nos olhos, certamente pôde ter lhe dito em um paternal e fraterno abraço: Bem-aventurado és tu, que tem fome e sede justiça, porque serás agora plenamente saciado (cf. Mt 5,6; Lc 6,21). De nossa parte, diante de tamanho testemunho do qual vislumbramos pequenina fração, fica a certeza de que nossos dons e talentos devem ser colocados a serviço daqueles que não têm voz, nem vez, nem lugar. Tal qual o saudosíssimo e diletíssimo frei Wilmar que, desde os tempos de meninice escolar, colocou sua inteligência e sua fé a serviço dos injustiçados.
Frei Wilmar Villalba Ortiz, arquivo MSA
Frei Wilmar Villalba Ortiz e seu
cãofrade Boogie, Leticia Somensari
NOTAS
1 Foi José Roberto Queiroz quem me indicou a frei Wilmar para que escrevesse um primeiro artigo para a seção que se tornou tão frutuosa, conforme projetava o saudoso frade. Aqui registro meu profundo agradecimento ao estimado Zé.
2 Nossa imensa gratidão às pessoas que contribuíram com seus relatos e testemunhos e nos ajudaram a escrever este artigo: Edilaine Villalba Ortiz, irmã de frei Wilmar; Camila Gouvêa, paroquiana e amiga; Ricardo Cruz, diretor de arte da revista e amigo, e frei Luiz Favaron, seu confrade. Na pessoa de cada um deles, dedicamos o artigo a todos os que amam e se inspiram no testemunho de vida de frei Wilmar.
3 Disponível em: https://premiovladimirherzog.org/o-premio/. Acesso em: abr. 2023.
Anos depois, após ter feito a profissão solene e ser ordenado presbítero, reencontrei frei Wilmar na Cidade dos Meninos, em Santo André (SP): ele estava chegando de Curitiba (PR) para assumir a direção do MSA e a condução da Paróquia Maria Imaculada (ainda então Capela Maria Imaculada naquela época). O pouco tempo que passamos juntos naquele ano de 2010 me fez perceber sua vontade de modernizar a revista, de trazer novos conteúdos e de se preparar para o advento das mídias digitais, que naquele momento estavam ainda em fase de implantação aqui no Brasil.
No último Capítulo Provincial, celebrado em setembro de 2021, após ter sido eleito Ministro Provincial, convidei frei Wilmar para integrar o grupo de conselheiros da Província São Francisco de Assis, grupo este que chamamos de Definitório Provincial. Ele me disse na época que, se fosse para ajudar a Província a recuperar a alegria das relações fraternas e a estabelecer um diálogo com a pós-modernidade, estaria disposto.
Infelizmente, ainda na terceira sessão do Definitório Provincial, frei Wilmar tornou conhecido o diagnóstico de câncer na língua, o que o levou a uma série de tratamentos e procedimentos cirúrgicos que muito o debilitaram.
Mesmo entristecidos após sua morte, acredito que tenhamos conseguido avançar dentro daquilo que ele pensava para a vida provincial e continuaremos a levar em frente tal legado. Que sua audácia e perspicácia continuem nos inspirando, tanto em relação ao MSA quanto para toda a Província.”
Frei José Hugo da Silva Santos, OFMConv.
Ministro Provincial
Da esquerda para a direita, Wanessa Villalba Ortiz, Edinlaine Villalba Ortiz e Cleonice Maria Villalba Ortiz, arquivo pessoal
“Passar a infância com um irmão é o que há de mais sublime na criação de Deus. Foi assim para mim; cada recordação que tenho da minha infância é sempre com eles. Mais forte com Wilmar, porque nascemos muito próximos. Ter um irmão mais velho significou que, além da referência de um pai maravilhoso, eu tive o cuidado e o exemplo de um irmão também maravilhoso.
Ele era tão presente nas nossas vidas que, mesmo tendo escolhido a vida sacerdotal, nunca o sentimos longe. Com o tempo, eu me acostumei a vê-lo também como frade, assumindo uma caminhada por vezes difícil, levando e vivendo o Evangelho para todos, mas sempre e em especial para aqueles mais fragilizados e vulneráveis, assim como nosso pai nos ensinou. E isso tem nos ajudado, um pouco, a suportar sua ausência.
Você jamais pensa que seu irmão, a quem tanto ama, um dia partirá tão cedo. Mesmo que tenha enfrentado a fragilidade de sua saúde, a morte nunca foi uma possibilidade para mim. Então, quando a notícia chega, sua vida desmorona e você fica sem chão.
No velório, não era o frei, não era o religioso, não era o frei Wilmar, era somente um irmão e um filho. Vestido com seu hábito franciscano, agora sem pressa, era Wilmar. A impotência diante da morte é avassaladora. Não sabemos ao certo se é antevendo a dor da saudade ou a gratidão reconhecendo tudo o que ele foi em vida, para sua família e para tantas outras pessoas que encontrou em sua trajetória, o momento é de dor profunda. Ele partiu! E, cada vez que digo isso, sinto uma dor atravessando e esmagando o coração, porque não parece que foi há um mês… parece que foi hoje, parece que a dor é de hoje. Isso porque ele tinha raízes de ternura, amor e afeto, e nós, sua família, não sabemos ao certo até onde essas raízes se estendem dentro de nós, nem se atravessam ruas inteiras da nossa existência.
A verdade é que o repertório de saudade é gigantesco. Há um baú de cenas inesquecíveis, um testamento de exemplos e lições, um rosário de conselhos, relicários de conversas, porque ele era intenso, sonhador, idealista, marcante. E tudo isso se sobrepõe a seus defeitos e falhas.
Vamos vivendo um dia de cada vez, porque imaginar um futuro com sua ausência é sofrer mais ainda. Só estamos de pé porque fomos confortados por tantas pessoas que conviveram com ele e por um Deus maravilhoso que fortalece nossa fé e nos prepara para o dia em que nos reencontraremos, junto ao Pai. Acredito, com todas as minhas forças, que meu irmão Wilmar foi um anjo que Deus me emprestou para ser meu irmão e agradeço, cada minuto da minha vida, pelo privilégio de sermos sua família na Terra. Nossa saudade será eterna. Nós te amamos ontem, hoje e sempre…”
Edilaine Villalba Ortiz
Frei Luiz Favaron e frei Wilmar Villalba Ortiz, arquivo MSA
Fez aí a Primeira Eucaristia, a Crisma e, em seguida, entrou no Seminário de Cascavel (PR).
Acompanhei-o ao longo dos anos, até se formar presbítero e celebrar sua primeira missa em Guaíra. Convivi com ele por oito anos na mesma comunidade religiosa.
Estive com ele quando foi internado para tratar de um câncer, em um hospital em São Paulo. Por fim, despedi-me dele em um hospital em Santo André (SP), na noite antes de morrer.
Gostaria de lembrar algumas características de frei Wilmar que testemunhei em um encontro dos frades em Curitiba (PR).
Frei Wilmar era muito inteligente e culto. Podia-se conversar com ele sobre qualquer assunto, religioso, político, social… Era aberto ao mundo, à sociedade participando, às vezes, diretamente no meio dos conflitos e das polêmicas em vista do projeto do Reino de Jesus de Nazaré. A sua fé não era uma fé intimista e devocionista, mas uma fé encarnada, comprometida com a vida do povo, especialmente dos pobres e excluídos, à semelhança de Jesus. Poderia dizer que era uma fé política e não tinha medo de assumir posições contra os fariseus de hoje, seja no mundo eclesial, seja no político. O seu modelo de Igreja era o modelo do Concílio Vaticano II, do papa Francisco e o sonho de Jesus de Nazaré.
Além disso tudo, frei Wilmar era uma pessoa profundamente humana. Gostava de comer uma pizza com os seus amigos, ir ao estádio de futebol… Revoltava-se contra as injustiças e a falta de misericórdia de pessoas religiosas.
Pessoalmente, sinto muita falta dele, das nossas conversas, das nossas reflexões, dos sonhos compartilhados de um mundo novo e de uma Igreja sinodal, como pede o papa Francisco.
Quando fui me despedir dele no hospital antes de morrer, eu lhe disse: ‘Wilmar, daqui a pouco, você vai ver o rosto do Pai, o rosto de Jesus, o rosto do Espírito Santo e o rosto de Nossa Senhora. Lembre-se de todos nós, que continuamos a sua luta aqui’.”
Frei Luiz Favaron, OFMConv.
Aqui ele chegou de mansinho, com o também inesquecível Boogie, observando, conhecendo, respeitando o que já existia. E, com o tempo, foi mostrando a sua capacidade de revolucionar, transformando a paróquia em uma comunidade forte, com espírito de unidade. Foi grande em obras e também como pastor.
Conheci, com ele, a verdadeira essência do carisma franciscano. Ele quebrou vários protocolos simplesmente por olhar o próximo: abrigou morador de rua, estrangeiro, deu comida aos famintos, deu ouvido às dores de tantos, acolheu o sofrimento de mulheres abusadas, deu acesso à cultura, à formação e à informação… Honestamente, eu via nele a prática do Evangelho!
Tive a honra de me tornar amiga dele, ‘parça’, como ele dizia. O pároco, como eu o chamava, foi uma pessoa essencial no momento mais difícil da minha vida. Ele me ajudou a me enxergar, a me fortalecer e a acreditar em mim, quando nem eu mesma acreditava.
Ele me ensinou muita coisa, dentre elas, que a fé madura não espera por grandes milagres, mas nos permite ver as pequenas demonstrações do amor de Deus em nosso dia a dia.
Fui agraciada por conviver com ele de perto, acompanhando muito de sua jornada nos últimos tempos. Por mais sofrido que tenha sido, foi também um presente de Deus poder retribuir-lhe um pouco do tanto que fez por mim.
Ficam meu carinho, minha gratidão e a saudade imensa de um amigo tão especial e que tanto me fez crescer como pessoa e como cristã.”
Camila Gouvêa
“Frei Wilmar Villalba Ortiz, nascido em Quedas do Iguaçu (PR), em 25 de maio de 1971, anunciava em sua breve vida que tinha nele a força das cataratas, pujante e bela. Entrou na Ordem Franciscana em 15 de fevereiro de 1987, aos dezesseis anos, fazendo-se Irmão Menor da humanidade. Ordenado presbítero em 19 de fevereiro de 2000, era licenciado em Filosofia, bacharel em Teologia e habilitado em Jornalismo. Foi reitor do Oratório Imaculada Conceição e São e São Maximiliano Kolbe, da Milícia da Imaculada. Fui por ele convidado, em março de 2010, para ser um dos articulistas da revista O Mensageiro de Santo Antônio, na coluna criada com o sugestivo nome de Theoblog (conversando com Deus nos tempos de hoje!). Já são treze anos ininterruptos e 131 artigos publicados. Ele sempre acolheu os textos com confiança irrestrita. Lembro-me de uma vez, a seu convite, ir falar com o povo caiçara de Ubatuba (SP), em um lindo dia de formação. Cheguei de madrugada e lá estavam na porta do convento, frei e cão, esperando-me às duas da madrugada, para um breve cochilo e um dia de imensa labuta, conversas e música. Senti que participava de um novo Capítulo das Esteiras, com os frades de Ubatuba. Frei Wilmar foi um jornalista bem preparado, antenado com a verdade e com os sinais dos tempos. Tornou-se um homem-ponte que unia pessoas, povos, comunidades e as criaturas de Deus, animais e vegetais. Morreu jovem, aos 51 anos, das sequelas de um câncer na língua. Seu fiel escudeiro, o buldogue Boogie, el gordito, morrera meses antes dele, para seu grande sofrimento. Frei Wilmar refez, com esmero e arte, o templo da Exaltação da Santa Cruz, em Ubatuba, como antes seu pai espiritual, frei Francisco de Assis, fizera ao reconstruir três igrejas: a de São Damião, a de Santa Maria dos Anjos e a de São Pedro. Homem de palavra direta e clara, sem firulas nem rodeios. Bem ao estilo paraguaio de dizer a verdade, com lucidez e poesia. Falamos pouco um com o outro, mas eu estava sintonizado com seu modo de viver conectado ao amanhecer (Alba!). Interceda por nós, junto de Ñandejára. Gratidão! Gracias! Aguyjereko! Paz e bem!”
Prof. Dr. Fernando Altemeyer Junior, assistente doutor da PUC-SP
“Frei Wilmar, poucas pessoas apostaram no bom jornalismo como o senhor fez. Poucas pessoas entenderam e entendem que ser defensor do Evangelho de Jesus Cristo é defender a dignidade humana, a vida dos mais pobres, dos mais vulneráveis, e defender a democracia.
Iniciamos uma parceria em 2017. Nas páginas da revista que o senhor dirigiu, denunciamos o mal, cortamos a própria carne, fomos perseguidos e anunciamos o amor, a esperança. O senhor foi corajoso! O senhor foi franciscano abrindo espaços, plantando sementes, compartilhando a verdade.
É muito triste a despedida, mas certo seu reencontro com o Pai. Que Ele o acolha, e que o senhor descanse em paz!
Daqui, de uma maneira ou de outra, em uma página ou outra, seguirei na jornada de denúncia e anúncio.”
Karla Maria
CHEGUEI DE CAMPINAS SP HA DOIS ANOS NUNCA RECEBI TANTO ACOLHIMENTO TANTA ACEITAÇÃO IGUAL RECEBI AQUI EM UBATUBA SP ATRAVES DO FREI WILMAR UM ABRAÇO DE PAI COMO DIZ A MUSICA DOS ANJOS DE RESGATE AINDA MAIS QUE EU FAÇO AMIZADE FACILMENTE O QUE ENCONTREI AQUI EM UBATUBA FOI TUDO QUE MAIS PRECISO AMIGOS E PASTORES DE VERDADE SOU MUITO GRATO AO FREI WILMAR
MEU ABRAÇO E SUPER BEIJO E MEU PAZ E BEM A TODOS OS LEITORES
ROGER AUGUSTO- JORNALISTA CATOLICO E ESPORTIVO DRT 0089871/SP
Frei Wilmar chegou em Ubatuba num momento difícil da vida política.do país…logo uma amiga querida me enviou a mensagem: “temos um Frei progressista. Vc precisa conhecê-lo.”
Eu havia recém saído do cargo de prefeito da cidade de Ubatuba.
Católico, simpatizante da Teologia da Libertação e do papa Francisco, petista ideológico e derrotado eleitoralmente, demorei um tempo até criar coragem de ir até a casa paroquial para solicitar uma agenda com ele.
No dia marcado, me apresentei, disse como haviam me falado dele e me apresentei pessoalmente. Para minha surpresa ele fraternalmente me disse: “me falaram de vc, me informei sobre sua pessoa e estava ti esperando. Sabia que vc viria”.
Sua presença foi um conforto espiritual para o momento que eu vivia. Foi afinidade imediata e a esse primeiro encontro se sucederam tantos outros, para falar dos mais diversos assuntos.
Fazendo jus a sua história, recebeu com alegria o deputado Enio Tatto e sua esposa Iolanda, de quem ficou amigo. Abriu a cantina da igreja para diversas reuniões que fizemos, sendo que a última delas foi justamente no dia que teve que subir ás pressas para sua primeira intervenção cirúrgica, quando recebemos o atual ministro do trabalho, Luiz Marinho.
Fica aqui minha saudade desse querido amigo, fraterno guia e líder, que tanto me “esperançou” em um momento delicado de minha vida pessoal e política.
Um abraço apertado e a benção, saudoso Frei Wilmar.