Principais fatos da vida de Santo Antônio

maio 29, 2023Caminhando Hoje com Sto. Antônio, Junho 2023, Revistas1 Comentário

O mês de junho é muito significativo em nosso Brasil, de norte a sul, de leste a oeste, em vários locais, há muito tempo! Significativo, sobretudo, pelo espírito festivo, festeiro mesmo, do nosso povo brasileiro. Neste mês, ao lado de São João Batista, São Pedro e São Paulo, celebra-se a festa de nosso querido Santo Antônio de Lisboa e Pádua, relembrada com trezenas, tríduos, novenas, entre outras formas de homenageá-lo. O modo de celebrá-lo não importa, mas ele deve ser sempre festejado, pois está para sempre na memória do povo!

Aqui, cabem algumas perguntas: como foi a vida de Santo Antônio? Como conseguiu fazer tantas coisas em tão pouco tempo de vida, uma vez que morreu antes dos quarenta anos?

Ele nasceu em Lisboa, Portugal, em 15 de agosto de 1195 (1190, segundo alguns historiadores), e faleceu em 13 de junho de 1231, às portas de Pádua, no norte da Itália, onde está sepultado em um magnífico santuário administrado pelos frades franciscanos conventuais. (Eu mesmo estive ali, em junho de 2019, ajudando no atendimento aos peregrinos que, aos milhares, chegavam de toda parte do mundo, inclusive do Brasil, para agradecer, pedir, venerar, enfim, para sentir de perto, também fisicamente, aquele santo que todos levam bem perto do coração.) É uma verdadeira graça de Deus poder entrar no belo santuário paduano e, ao fundo, à esquerda, contemplar a linda capela onde estão depositados os restos mortais do santo. Há uma enorme laje de mármore verde-escuro por detrás do altar por onde os fiéis passam e, tocando naquela lápide por vezes fria, todos sentem a luz da fé iluminando e aquecendo o coração cristão. Se um dia, caros leitores, vocês tiverem essa oportunidade, não a deixem passar. Vale a pena sentir também fisicamente a presença de tão importante e querido santo, irmão e amigo.

Analisando a vida terrena de frei Antônio, podemos dividi-la em duas etapas, em sentido geográfico: em Portugal e na Itália (e França).
Ele nasceu em Lisboa, Portugal, entre os anos 1190 e 1195. Dos pais, Martinho de Bulhões e Maria Taveira, recebeu o nome de Fernando de Bulhões, em homenagem a um tio sacerdote. Em 1220, trocou seu nome para Antônio, quando se tornou frade franciscano. Desde cedo, o jovem sentiu uma vocação diferente dos demais jovens de sua época, que sonhavam em ser cavaleiros. Ele tinha herdado da mãe uma grande religiosidade
e uma terna devoção a Nossa Senhora. Sua luta vocacional para seguir a Jesus não foi fácil. Ingressou no Seminário dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho em Lisboa e, depois, mudou-se para o célebre Mosteiro da Santa Cruz, em Coimbra. No local, aprofundou seus estudos em Filosofia, Teologia e nas Sagradas Escrituras. Dizia-se, no tempo em que ele estava vivo: ”Caso se viesse a perder-se a Bíblia, não haveria problema: frei Antônio a reescreveria de cor!”

Exageros à parte, frei Antônio sempre foi um grande estudioso da Bíblia Sagrada, o que lhe valeu escrever três grandes volumes em latim (traduzidos recentemente em italiano e português), sobre as leituras das missas de todo o ano litúrgico, além de alguns outros de dias festivos. Nos inícios de 1220, foi ordenado sacerdote. A essa altura, ele já havia estabelecido vários contatos com cinco frades franciscanos que foram ao Mosteiro de Santa Cruz em busca de donativos. Em janeiro do mesmo ano, eles foram martirizados no Marrocos, em nome da fé. Esse fato marcou para sempre a vida do monge agostiniano Fernando: em meio a crises no Mosteiro, decidiu tornar-se franciscano missionário nas mesmas terras africanas onde frei Berardo e seus quatro colegas tinham dado a vida por amor a Cristo. Em setembro de 1220, com o confrade frei Felipe de Castilha, partiu para a África, ansioso para pregar o Evangelho e, se necessário fosse, morrer martirizado. Porém, Deus chamava-o por outros caminhos. Ficou extremamente doente e obrigado a voltar à pátria. No regresso, uma forte tempestade arrastou o barco para a costa da Sicília, na Itália, onde encontrou antigos companheiros.

Em março de 1221, frei Antônio passou a viver com confrades em Messina, após desembarcar milagrosamente depois de dias de tempestade no Mar Mediterrâneo. Coincidentemente (ou melhor, providencialmente), frei Francisco de Assis (1182-1226), famoso em santidade, convocara todos os frades para uma grande reunião, chamada de Capítulo das Esteiras, a ser realizada na festa de Pentecostes. Depois de participar discretamente do evento, foi morar no Eremitério Montepaolo, na Romanha, longe do burburinho da cidade.

De junho de 1221 a setembro de 1222, rezou, fez penitência, refletiu, serviu aos confrades com lindas missas e profundas meditações, até que partiu para a última e intensiva parte de sua vida: pregador, ministro provincial, professor.

Tinha o dom da palavra, demonstrado em um sermão improvisado na comuna de Forlì, na Itália central. Após percorrer as principais comunas italianas, chegou à França. Foram dez anos de intensas atividades dentro e fora da Ordem franciscana, a saber:

  • 1223-1224: recebeu a investidura de pregador e lecionou Teologia em Bolonha, a pedido de São Francisco.
  • 1224-1226: participou, como superior dos frades, do Sínodo de Bruges, na França. Ensinou Teologia em Montpellier e em Toulouse.
  • 1227: voltou à Itália como Ministro Provincial do Norte.
  • 1228-1229: foi a Milão e a Vercelli, onde se encontrou com seu antigo amigo agostiniano dom Tomás de S. Vítor.
  • 1229-1230: pregou em Pádua, lecionou e escreveu os Sermões Dominicais. Deixou de ser provincial após ter participado da transladação do corpo de São Francisco à nova basílica, localizada na Colina do Paraíso, em Assis. Encontrou-se com o papa Gregório IX (1145-1241). No inverno de 1230, escreveu os Sermões Festivos.
  • 1231: realizou pregações diárias na Santa Quaresma. Pleiteou a aprovação de uma lei mais branda a respeito dos devedores insolventes. Viajou a Verona para falar com Ezzelino da Romano (1194-1259) sobre a paz e a liberdade de prisioneiros. Pouco depois da Páscoa, sentiu-se mal e deixou Pádua para dirigir-se ao Eremitério de Camposampiero, a poucos quilômetros dessa localidade. Percebendo que a morte estava próxima, pediu para ser levado de volta a Pádua, aonde não conseguiu chegar. Faleceu em Arcella, depois de momentos de oração com os frades do Convento Santa Maria Mãe do Senhor. Com voz submissa, entoou com eles o hino “Ó gloriosa Senhora”. Suas últimas palavras foram: “Estou vendo meu Senhor! Estou vendo meu Senhor!”
“Cristo coloca os santos sob o selo de sua providência para que não apareçam em público quando querem, mas para que estejam sempre prontos, no tempo estabelecido por Deus e quando ouvirem no coração a voz d’Aquele que tem o poder, a saírem da quietude secreta da contemplação, para realizarem as grandes obras de Deus”.1

Nota

1 PÁDUA, Santo Antônio de. Sermões Dominicais e Festivos. Tradução de Frei Geraldo Monteiro. Padova: Ed. Messagero, 1970. p. 345. v. 1.

Autor

1 Comentário

  1. clemoco48

    Ótima biografia de Santo Antônio!

    Responder

Enviar um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *