A Bíblia Apócrifa conserva alguns livros marianos de caráter assuncionista. São eles:
• Livro do Descanso (século III).
• Livro de São João Evangelista, o teólogo, sobre a passagem da Santa Mãe de Deus (século V).
• Livro de João, arcebispo de Tessalônica (século VI).
• Trânsito de Maria, do Pseudo-Melitão de Sardes (século IV).
• Trânsito de Maria, do Pseudo-José de Arimateia (séculos XIII e XIV)1.
Nesses relatos, cita-se que, três dias antes de morrer, Maria recebe, de Jesus, o anúncio de sua morte, no Monte das Oliveiras. Segundo outra tradição, ela obtém de um anjo uma palma como garantia da palavra de Jesus sobre sua morte. Maria prepara-se para o dia em que sua alma sairia do corpo. Os apóstolos chegam da missão, primeiro João, seguido dos outros.
Em sua casa, em Jerusalém, na presença dos apóstolos, ela dorme. Jesus vai a seu encontro, pede que os apóstolos preparem o corpo dela e o levem até um lugar indicado por Ele, no Vale de Josafá. Durante o cortejo, alguns judeus querem destruir o corpo de Maria. Quando chegam ao sepulcro, Pedro e os apóstolos depositam o corpo dela e se sentam à sua porta.
Jesus aparece, novamente, rodeado de anjos, saudando os apóstolos com o desejo de paz. Exalta o fato de Maria ter sido escolhida para que Ele pudesse nascer dela. Por fim, pede que os anjos levem seu corpo para o céu, fato conhecido como Assunção de Maria. Quando o corpo chega ao céu, Jesus põe a alma novamente em seu corpo glorioso, coroando-a como Rainha do Céu. Esse acontecimento é celebrado nas coroações de Maria, no mês de maio.
Nos apócrifos assuncionistas, podemos identificar quatro modelos de morte de Maria2:
1) Ela dorme (morre), sua alma é acolhida por Cristo e levada para o Céu: seu corpo é levado para um sepulcro e, depois de três dias, é conduzido ao Paraíso. A alma e o corpo serão reunificados somente no fim dos tempos. Nesse modelo, encontramos a Dormição e o Trânsito de Maria. Trata-se da mais antiga tradição sobre a morte dela.
2) O corpo de Maria é separado da alma, e ambos são reunificados após um tempo determinado de 206 dias, ocorrendo, assim, sua ressurreição (modelo também antigo).
3) Maria não morre, mas é arrebatada de corpo e alma para o Céu, onde é acolhida em vida e glorificada como Rainha do Céu. Nesse modelo, pode-se falar também de Assunção de Maria (modelo surgido após o século VI).
4) Maria dorme (morre): durante três dias, seu corpo fica separado da alma, mas ambos são reunificados. Maria volta a ser humana completa e é levada para o Céu por Jesus, ocorrendo, portanto, sua assunção. Esse quarto modelo é mais claro quanto à Assunção de Maria, sendo também mais recente historicamente. Nele, está a união da Dormição com a Assunção. Esse modelo serviu de base para o estabelecimento do Dogma da Assunção de Maria, declarado pelo papa Pio XII (1876-1958) em 1950, o qual deixa em aberto duas possibilidades: a de que Maria foi acolhida em vida no Céu e a de sua passagem ou não pela morte física.
Notas
1 A tradução na íntegra desses livros está em: FARIA, Frei Jacir de Freitas. Bíblia Apócrifa: Segundo Testamento. Petrópolis: Vozes, 2025. p. 121-240.
2 KLAUCK, Hans-Josef. Evangelhos Apócrifos. São Paulo: Loyola, 2007. p. 232-233.

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